Eu e algumas colegas andávamos e uma menina andava na nossa frente. Aquela menina era a visão da perfeição. O que toda ana, mia, gorda, magra, toda mulher quer ser.
Era mais ou menos isso aqui. |
Ela tinha cabelos de uma cor natural, porém brilhavam muito e eram alinhados, tinham um balanço incrível, eram até o bumbum. Ela deveria ter uns 1.65 de alt e uns 50 kgs, no máximo. Usava uma calça azul bebê que eu julgo ser tamanho 34, de tão apertada, mas parecia feita no corpo dela. Um thig gap de fazer qualquer modelo suspirar, muito parecido com o da foto acima., e uma botinha preta nos pés. Em cima, uma blusinha lembrando uma camisa, branca e fina, com mangas curtas. Novamente, a blusa devia ser um PP ou tamanho infantil, pois parecia feita no corpo dela. Ela usava uma bolsa azul, combinando com tudo. Passamos por ela, ela sorriu pra uma das meninas que conhecia. Dentes perfeitos, pele sem manchas, maquiagem leve. Em um dos livros escrita a frase que me deixou no chão: "Psicologia - 3º Semestre".
Explico: a faculdade que eu quis fazer por muitos anos foi Psicologia, mas desisti porque toda a minha família me acha sensível demais pra isso. Minha luta pro meu cabelo crescer vem desde 2009 e só agora tenho obtido resultados satisfatórios, mas com uma queda violenta devido a anemia sou mais careca que qualquer outra coisa. Minha pele ainda sofre com uma adolescência cheia de hormônios, só de uns 4 meses pra cá vem melhorando. Meu peso? Pfff.. Sonho há anos em usar calças coloridas, mas minhas coxas são tão gordas que pareceriam cones de trânsito... Aquela menina era a personificação do que eu gostaria de ser, mas falhei miseravelmente em todos os aspectos.
Eu estava muito embasbacada pra voltar ao assunto das provas e trabalhos
- Aquela cor de calça é linda, né? - Disse eu pra uma colega, bem mais gordinha que eu.
- Ah, aquela azul? Tenho uma daquela cor, mas não uso.
Fiquei me perguntando se eu também não poderia ir lá, simplesmente, e comprar uma maldita calça azul. Afinal, haviam tamanhos maiores. Daí me vi no reflexo de um carro estacionado, e a situação foi horrível. Braços de rolo compressor, pernas raspando uma na outra, um quase queixo duplo e bochechas grandes e rosadas. Eu via minha barriga começar a querer aparecer, e meus peitos pareciam balões de ar. Não. Definitivamente, não. NADA do que uma loja me oferecesse ficaria bem em mim.
Quando eu conheci meu amor, eu pesava 56 kg, era uma época em que minha depressão estava fodida, que eu chorava muito, não lembrava sequer que comida existia. Não lembro se tinha tigh gap, mas lembro que qualquer roupa de qualquer loja ficava linda, que as vendedoras se surpreendiam com minha cintura, que me vestia como bem quisesse. Eu tenho uma certeza quase absoluta que foi meu peso que estragou meu relacionamento, e não culpo o meu amor. Ele tinha uma magra que se transformou em obesa. Até eu desanimaria. Aliás, eu já desanimei.
Talvez eu devesse apresentar a estudante de Psicologia pra ele...