sexta-feira, 10 de março de 2017

It's almost unreal... (texto enorme, as always)

No dia 17 de fevereiro tive uma conversa bem séria com meu digníssimo sobre o rumo que nossa vida alimentar estava tomando. Ele, com seus quase 98 kg e eu com horríveis 84. Decidimos, na segunda feira seguinte, fazer a compra de mês mais saudável que um ser humano poderia fazer, para duas pessoas, com até 500 reais.
Naquela manhã fui para a faculdade, e saindo de lá encontrei aquele cara que mesmo acima do peso, atraía olhares femininos. Tomamos um suco, comemos uma esfirra cada e prometemos: nenhum legume ou fruta dessa compra será perdido, comeremos TUDO, o que era tarefa quase impossível pra mim já que meus vegetais costumam virar pequenas comunidades de micro-organismos na geladeira.

Foi uma das maiores compras que já fiz num mercado, e sem dúvida a mais saudável. Carnes magras, integrais, iogurtes sem açúcar, frutas e legumes a rodo. Parecia até aqueles carrinhos que as nutricionistas montam nos programas de televisão, e tudo dentro do orçamento. Foi a primeira vez em anos que não peguei Nutella, bolachas recheadas e batata palha. 


Os primeiros dias foram fáceis. Estava incrivelmente motivada, o amor começou a fazer Q48, eu ainda não fazia nada, esperando ter dinheiro para ir para a academia. Eu estava certa de que, na primeira semana, eu não perderia nada, porque onde já se viu algo vir fácil? Mas eu estava enganada. Em cinco dias, na pesagem de sexta, tive uma boa surpresa, menos 1kg. Isso motivou a comer mais saudável ainda, mesmo comendo um pedaço de bolo de aniversário no sábado.
Semana seguinte, carnaval rendeu alguns exercícios em casa mesmo, com alimentação com muitos cozidos, muita canela, alho... Menos um quilo e meio, novamente na sexta. Então, era fácil assim? Era realmente só comer direito? Era só esquecer dos salgados fritos, pães de queijo? Dos pratos cheios de purê de batata com miojo? Era só eu controlar a comida, e não ser controlada por ela?


Essa última semana começou comigo querendo comer algo "gostoso e cheio de calorias". Hoje é madrugada de sexta pra sábado e ainda não comi nada disso, pelo contrário. Me olhei no espelho e vi a barriga bem menor, o sutiã começando a folgar. Na quarta não tínhamos mais legumes (meta de não perder nada cumprida) e fomos numa caminhada matinal até a feira. Ele disse o quanto estava feliz e orgulhoso, e eu disse o mesmo. Hoje mais cedo me pesei, e perdi mais um quilo e meio. A vontade de comer algo fora do planejado sumiu.

Não estou dizendo que está sendo fácil. Já até sonhei comigo comendo pratos e pratos de miojo, tive um mau humor terrível semana passada pela falta de doces, tenho que constantemente resistir a minhas colegas comendo coxinha na minha frente enquanto tento me contentar com uma maçã. Mas comida nenhuma no mundo é tão boa como finalmente ver que você está saindo do lugar, está conseguindo progredir, está melhorando. Já estou mais magra do que os últimos dois anos, no mínimo. Sei que pra maioria das anas e mias perder 4 kg em 20 dias não é nada mas, pra quem não perdia nem dois há anos, é uma vitória enorme. E eu posso me orgulhar muito disso. Estou sendo responsável pela minha felicidade. 

quinta-feira, 2 de março de 2017

Sobre a in(atingível) perfeição.

Hoje uma pessoa do instagram disse que se cobrava muito para ser perfeita, e que sua depressão e ansiedade não a deixavam. Se eu pudesse alertá-la e dizer o quanto essa brincadeira de ser perfeita é perigosa...



Gostaria de dizer que você não é perfeita, e nem vai ser. Porque? Porque ninguém é perfeito, ninguém mesmo. Nem seus pais, seus avós, aquela modelo linda, aquele cantor. Pense por um momento: você acha mesmo que alguém é 100%? Sem falhas?  Eu caí por muitos anos nesse conto, de querer alcançar a perfeição, e o resultado foi eu mais e mais infeliz, mais e mais doente, mais e mais imperfeita. A busca por um padrão inatingível (não só em beleza, mas profissional e mental, também) me destruiu aos poucos, eram dias e noites de comparação sem fim com garotas mais bonitas, mais alegres, mais inteligentes... Era Dom Quixote enfrentando moinhos.

Daí que recentemente eu mandei tudo ao inferno. Cansei de tentar ter um corpo que nunca terei, cansei de tentar ser a mais inteligente na faculdade, cansei de tentar seguir as minhas loucas expectativas. E, antes que alguém aqui culpe os "padrões da sociedade", digo que não. Eu é que criei tudo, o que eu queria ser, aonde eu deveria chegar. Nunca a sociedade me afetou nesse sentido, pois o padrão de sucesso e beleza deles sempre foi muito diferente do meu. Mas mesmo assim eu me cobrava, "porque não posso ter as coxas tão finas que deem até dó? Porque não posso ter braços tão miúdos que façam as pessoas olharem, preocupadas? Porque não posso só tirar 10? Porque não posso ser o orgulho da família em todas as áreas?"

E te digo: porque não. A busca pela perfeição é incansável e massacrante, são dias e dias sem descanso, sem paz, escrevendo metas, tentando alcançar as estrelas, tentando chegar ao fundo, mas as estrelas estão muito longe e o fundo é bem mais fundo do que o calculado. Você começa a adoecer, a se odiar, a invejar. Você se abandona em busca de algo que não é você, aliás, quem  é você nessa zona toda? Ás vezes ser bem sucedida numa certa área não significa que não existem imperfeições; fiz uma prova semestre passado aonde tínhamos de desenhar um gráfico. Fiz sem régua, sem saber direito quantos quadrados tínhamos de contar, e imaginei que por não estar perfeito levaria um 7. Qual não foi minha surpresa quando vi um enorme 10, enquanto meninas que usaram régua levaram 6.

Faça o necessário pelos seus sonhos, mas não se mate, não se compare, não se anule. Preocupe-se em se fazer feliz e viver em metas atingíveis. Se você sempre pesou acima de 60 kg e 60kg é um peso saudável para você, então não coloque a meta em 45. Se você tem metas a cumprir num resultado entre 6 e 10, pense em quanto um 7, 8 ou 9 estão de bom tamanho. Se você não conseguiu passar pra medicina, repense se é isso mesmo que você quer, se for, tente de novo, mas não se mate por isso. A única pessoa aqui te impedindo de ter uma vida normal aqui é você mesma. E ela é a única que está entre você e a sua felicidade.

Há quanto tempo você não faz algo por puro prazer de fazer? Porque você quer? Porque gosta?
Sem medo de ser imperfeita, querida. Você é perfeita. Mas perfeita na sua imperfeição.

(desculpem se o texto está estranho e desconexo, mas precisava por pra fora)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Dando as caras

Vou pular a parte em que me sinto péssima por ter sumido e o quanto sentia falta daqui. Aliás, não sentia daqui, mas de vocês, mas mesmo assim eu lia de vez em quando. É bom saber que alguma de vocês estão bem, sobrevivendo cada dia a esse mundo doido que nos fere tanto...

Vamos tentar atualizar...
Primeiro, continuo exatamente nos mesmo 80 e poucos de sempre, nisso fui uma negação.
Segundo, continuo fugindo de contato com seres humanos e querendo viver no meu mundo.
Terceiro, consegui (sei lá como) terminar o primeiro ano da faculdade, e já vejo o segundo sorrindo, com dentes afiados de quem vai destroçar minha sanidade.

Sobre meus sentimentos: meu amor continua a me rejeitar, mas aprendi a conviver com isso. Eu não imploro e não me machuco, então está ok. Por não ter mais relações sexuais, parei com o anticoncepcional tem vários meses, e minha pele nunca esteve tão feia, pareço uma adolescente de 15 anos. Meu cabelo cresceu muito mas infelizmente na parte falhada parece que não vai voltar. Enfim, pareço um porco espinho careca, obeso e lento.

Mas, apesar disso tudo, da minha aparência estar terrível e eu sequer poder beijar o homem com o qual me casei, decidi que não vou me privar de coisas boas, não vou me negar certas coisas por não estar bonita. Comprei novos materiais escolares e meu filme favorito está chegando pelo correio, meu celular foi consertado e visitei a minha loja de cookies favorita, mesmo que apenas comendo poucos. Consegui comprar meus jogos favoritos de videogame e curto os últimos dias das minhas férias pesquisando sobre trilhas sonoras e livros antigos. Eu posso ser um porco espinho careca, obeso e lento, mas serei um porco espinho feliz.