sábado, 16 de abril de 2016

Até tu, mãe?


Se tem uma coisa que eu sempre digo é que ninguém precisa te dizer o quanto você está gorda ou te mandar emagrecer. Ninguém. Nem seu pai, nem sua mãe, marido, vizinha, peguete. Ninguém. No último caso um médico, mas isso foi porque primeiramente você foi ao médico, então você está querendo saber o que fazer pra melhorar a saúde. Mas fora um médico, ninguém. Sabe porque? Porque temos espelhos em casa, porque sabemos o quanto é ruim suar, cansar numa ladeira. Porque só nós sabemos a dor de passar na Renner ou Forever 21 e não encontrar uma peça de roupa que você goste e sirva, e chorar no provador. Porque só nós sabemos o quanto é ruim querer dar uns pegas de luz acesa ou usar roupa sensual e se sentir um botijão de gás tentando ser sexy.

Eu sempre repudiei quem dissesse pra outras pessoas que elas estavam gordas. Minha mãe sempre foi obesa mórbida e nunca sequer ousei insinuar que ela pudesse estar gorda. No máximo, dizia que "antes ela estava mais gorda, mas agora tinha emagrecido" ou então "seu rosto está um pouco inchado" e só. A palavra gorda remete a milhares de coisas, e todas elas ruins. A desleixo, a doença, a gula, a preguiça, a feiura. Por isso, dizer que alguém está gordo e mandar esse alguém emagrecer pra mim é quase uma agressão (pensem como quiserem, infelizmente eu penso assim). Daí que conversando com a minha mãe, essa mesma mãe que eu tanto poupei, chego na seguinte situação:

Eu: "Ah, minhas pernas doem, mesmo quando não me esforço. Achei que era o anticoncepcional, mas não era, tirei ele e tudo piorou" (começo a tirar comida pro meu esposo num prato grande, em seguida pra mim, num de sobremesa)
Mãe: "Acho que um mês é pouco pra dar resultado. Mas quando você emagrecer um pouco, vai melhorar"
Eu: "Não sei... Parece difícil demais pra mim. Sei lá, dá vontade de aceitar e deixar correr" (sento na mesa com ela, um prato com uma linguiça, salada e três colheres de sopa de arroz branco)
Mãe: "Nossa, mas você está pesando quanto? 90 kg???"
Eu: "Não né ow, nunca cheguei nisso. Estou com 83" (enfiei uma colherada na boca, de cabeça baixa)

O tempo fechou. Minha mãe me olhou muito séria, mas ao mesmo tempo com muita pena e um certo desgosto. Balançou a cabeça como se não acreditasse no que tinha ouvido. E daí ela disparou, num inconformismo que me surpreendeu:

Mãe: "Ahh, não! Não, não, você está muito gorda. Você vai emagrecer, ah se vai. Que horror, não acredito nisso. E é pra comer só isso de comida, não é pra repetir, ouviu?!"

Eu fiquei atônita. Ela começou a falar um monte de coisas, que entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Eu me senti tão mal comendo que só terminei porque tive vergonha de jogar fora. Ela continuou falando, eu sem responder. Terminei e fui lavar meu prato, de cabeça baixa, me sentindo a mais gorda das porcas, a mais obesa das filhas. Ela começou a pedir desculpas, mas "era a realidade". Eu disse que tudo bem, que ela estava certa, pedi licença e subi pra minha casa, que é um andar pra cima. Isso já faz alguns dias, peço desculpa a vocês por ter sumido. Isso me deixou tão mal, mexeu tanto comigo e eu fiquei tão atônita que não conseguia vir aqui (desculpa Roxy, meu amor. Praticamente abandonei meu celular esses dias).

Algumas de vocês podem dizer que ela só quer meu bem, e eu não duvido disso. Mas a expressão dela pra mim foi de total desapontamento, de tristeza, de dó, de desgosto. De "nossa, como minha filha está gorda". E isso doeu tanto, mais tanto, que mesmo minha mãe sendo minha melhor amiga, não consigo conversar com ela direito, ainda. E quando ela falou do prato de comida,que não era pra eu repetir, me senti como alguém que comesse desenfreadamente quilos e quilos de comida, era como se eu fosse uma espécie de animal, sei lá. Me senti tão sozinha, tão abandonada, me senti como a vergonha da família, a obesa nojenta. Eu ainda estou me sentindo assim. Por isso não vim aqui por tanto tempo. Desculpem.

Hoje vi esse vídeo, me deu um up, espero que ajude alguém daqui, também.:

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Sobrevivi

Faculdade não é fácil. Nem mesmo de um curso de Tecnologia. Nem mesmo da Anhanguera.

Não é sobre entender as matérias, decorar as leis, normas da abnt.
É sobre acordar todo dia cedo, sobre pegar o ônibus cheio, sobre aguentar os seres humanos, sobre fingir que ri das piadas do professor mala... Sobre tentar esconder as banhas toda manhã, sobre tentar esconder a falha que tenho no cabelo... Mas o mais difícil tem sido a comparação. Eu me comparo com toda menina ou mulher que encontro lá. Como os cursos são caros temos meninas de 18 anos com cirurgias plásticas e silicone. É, nesse nível. Mas sobrevivi. Sobrevivi a uma semana infernal de provas, trabalhos, brigas, meninas lindas, magras, cheirosas, com vozes doces e cabelos incríveis. Sobrevivi a minha própria comparação. Porém paguei o preço da sobrevivência: uma compulsão tão louca que quase morri de tanto comer, e não estou exagerando. Ontem já havia voltado ao normal e hoje de manhã percebi o boss M chegando, toda a carga emocional tinha explicação.

Ontem eu fiz uma merda homérica na minha vida, naquele negócio de decidir sobre o trabalho que eu queria. Fiquei mal, chorei aqui em casa, tive um pequeno surto de culpa por simplesmente existir. Marido se mostrou incrivelmente apoiador e deu um suporte que eu não esperava. Fez almoço pra mim, deu carinho e ficou perto. Pra mim foi algo inesperado, porque não imaginei que ele estava se importando muito comigo. Meus pais também me apoiaram, e disseram que não importa o que aconteça, meu estudo é mais importante, e ele pelo menos está garantido.

Na sexta passada eu vi uma cena que muito me chamou a atenção.
Eu estava nas minhas andanças, cansada, nervosa com o maldito calor que faz aqui. Eu estava esperando pra atravessar a rua e perto de mim havia um carro estacionado, com um casal dentro. Vi que algo acontecia e decidi fingir que mexia no celular. O homem, um cara duns 30 anos no máximo estava se declarando pra uma mulher loira, de no máximo 30 também. Ele disse que a amava há muito tempo, mas que se sentia pouco pra ela. Escutei pouco da voz dela, ela se emocionou muito e se disse surpresa, e disse que amava ele desde o primeiro que se viram. Eles estavam com uma das portas abertas, os vidros bem abertos, também. Presenciei o primeiro beijo do casal, numa manhã de céu azul, um beijo tão inocente, o rapaz mal encostava nela no começo, depois parecia ter pego o jeito. Eu quis muito ficar ali e dizer que era a coisa mais linda que já vi, mas ia ser creepy as hell, então segui meu caminho. 



Me peso no sábado de manhã, espero um milagre. 
Vou passar em vossos blogs e responder os comentários do meu post anterior.

sábado, 2 de abril de 2016

Me deixem em paz .exe

É sabado, tenho um monte de coisas pra fazer da faculdade, mas vou procrastinar, danem-se as leis trabalhistas quando estamos na bad. Pra completar, fiquei sabendo que agora tenho 2 propostas de trabalho, e preciso decidir até terça feira. As duas muito convidativas, mas as duas com muitos "poréns". Tenho que escolher cautelosamente.

Caso não queira ler todo o mimimi, vá para a parte "Dieta", em vermelho.

Se eu pudesse escolher de verdade meu destino ia escolher ficar presa entre agosto de 2008 e julho de 2009 pra sempre, num looping infinito. Acabava o prazo, começava de novo. Me lembro do começo desse agosto de 2008, meu Deus, como foi a perfeição. Eu me sentia amada, querida. Tinha um ótimo relacionamento com minha família, estava começando a ser amiga novamente da minha mãe. Pesava 58 kg, era saudável, conseguia andar muito, correr muito, rir muito.  Fazia um cursinho bobo de recepcionista e sonhava em trabalhar num grande hospital. Tinha ele, também. Sr. Perfeição.

Ele me protegia, como havia prometido, me desejava, amava e ensinava. Era bravo e firme, irredutível, muitas vezes. Eu o via como uma pessoa sem defeitos, incrivelmente perfeito. Se ele dizia, então era porque aquilo era o certo. Eu enfrentava literalmente qualquer coisa pra estar com ele, fome, chuva, frio. Quando eu me sentia feia ele me fazia sentir a mais linda entre todas. 

Trecho do email que recebi dele no começo de 2009 (não reparem o português, era 2009, gente)

"Sem vc........... sem a certeza q vc existe, uma pessoa perfeita diante de mim, uma pessoa que roubaria meus sonhos e meus desejos, q fizesse meu coração ir à milhão, q me deixasse tímido novamente, mas q me desse forças maiores ainda, q definitivamente me completasse, uma pessoa q naum me exige palavras, q naum me cobra dizer algo pq já me entende, e sabe o q sinto...como mágica...uma pessoa mais próxima q um irmão, q possui mãos tão delicadas e um sorriso tão meigo, um abraço tão gostoso e um jeitinho q dói o peito de vontade de ir correndo até vc a todo instante, algo quase impossível de se imaginar, mas q agora é minha realidade"

De alguma forma eu também era perfeita pra ele, mas eu me perdi. Nós nos perdemos... Numa floresta cheia de galhos caídos e espinhos maldosos... Um labirinto, do qual não sei se há alguma saída. Mas, enquanto dentro do labirinto, posso me sentar e ficar sonhando que estou fora dele...




Dieta:

Eu me pesei. A boa notícia é que não engordei os 2 kg que pensei ter engordado, a má notícia é que sequer emagreci meio quilo, continuo nos 83, 82. Mesmo cortando o anticoncepcional, mesmo andando como louca, mesmo com tudo isso continuo na mesma. Talvez uma das minhas propostas de emprego seja pra uma vaga noturna, daí já viu, os horários ficarão bagunçados, alimentação desregrada, nova engorda pela frente.  Eu costumo fazer o que for necessário para que a situação mude, mas sempre pedindo a Deus que faça o melhor por mim. Tenho medo do que possa acontecer caso eu faça a escolha de emprego errada, mas tenho que confiar.
Não quero engordar mais, sei que estou no limite. Há o4 anos atrás estava com 10kg a menos... Saudades...

Semana que vem vou ver se consigo restringir a alimentação pra 1000 kcals diárias, depois pra 800 em fins de semana. Quero voltar a tomar chás também, me desinchavam muito. Essa semana fiz a depilação, hidratei o cabelo e pintarei as unhas. No caso das unhas ando seguindo uma boa regularidade de tirar no sábado, passar no domingo, não que seja grande coisa, mas me ajuda a sentir menos monstro e mais menina.

Bom fim de semana pra todas.